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quarta-feira, maio 29

Seguindo tendências. Fugindo dos modismos.



Modismo é algo que vem com uma força impressionante e que some sem deixar muitas saudades. Entende-se como modismo todo fenômeno que atinge de forma simultânea um determinado grupo de pessoas. As pessoas consideradas antenadas, também conhecidas com “IT”, são aquelas que percebem tendências e se antecipam ao fenômeno popular. Geralmente estas pessoas estão um ou dois passos à frente dos modismos. Quando determinado modismo atinge em cheio aos simples mortais, essa turma descolada já está de cabeça em outro modismo e por aí avidinha segue.
No mundinho gospel também temos nossos modismos. É bem verdade que costumamos ser um tanto mais atrasados nas novidades. Já tivemos o modismo da música pentecostal com suas subidas de tom, muitas cordas, uma overdose sonora frenética. Tivemos a “moda” da água, onde boa parte das músicas no meio referia-se a águas, chuvas e coisas do tipo. Houve ainda o modismo Hillsong onde 10 entre 10 ministérios de louvor e artistas, ops, levitas, seguiam um estilo pop rock com adoração control C control V da banda australiana (que na verdade, tem como referência a turma do Cold Play). A lista de modismo segue com a época dos mantras gospel com músicas de 10, 12 … 16 minutos onde o cantor repetia 895 vezes uma única frase até que o público alcançasse o nirvana em meio a um transe psico-evange-délico. Houve o tempo das ministrações, com os líderes de louvor pregando no meio das canções com suas palavras de ordem bradadas com toda emoção a la Toque no Altar.
Mais recentemente o Brasil foi invadido por um novo estilo sertanejo. Depois do forró universitário, eis que surge o sertanejo universitário. E o que vem a ser esse novo estilo que parece ter tomado conta das rádios e das paradas de sucesso? Em termos musicais nada mais é do que uma junção de pop com o sertanejo e algumas guitarras mais à frente, um refrão repetido 763 vezes, geralmente com alguma expressão sem explicação … tchu, tchá, oinc, toc, tic, yê yê. Em termos artísticos, este estilo é predominantemente masculino, defendido por jovens rapazes bombados, tatuados, com calças justíssimas, rebolativos, com um ego infladíssimo, cabelos arrepiados lambuzados de gel e uma incontrolável vontade de “passar o rodo geral”. Haja disposição!
Nos últimos dois anos recebi muitos projetos neste estilo, o sertanejo universitário gospel. Confesso que muitas das vezes nãoconsegui suportar mais do que 2 ou 3 faixas na audição. Tudo me soa muito caricato, estereotipado, fake mesmo! E como todo modismo, a possibilidade de permanência desse estilo por mais 2 ou 3 temporadas é bastante remota. O momento agora já não é mais do universitário, mas sim do arrocha, ritmo nordestino que mistura forró, brega, calypso … ou seja, um artista não pode ficar seguindo tendências e modismos, ele precisa ter sua identidade musical e segui-la. Não quer dizer que não possa sofrer influência dos novos estilos, não é isso! Mas entre ‘sofrer influência’ e correr como um desvairado a cada novo modismo musical, há uma enorme diferença.
Uma das maiores diferenciações da música cristã, muito além da forma, é o seu conteúdo. Uma música cristã não deve somente entreter, mas principalmente deve comunicar. E para isso é fundamental que a qualidade da palavra seja observada a qualquer custo! Nestes modismos recentes, o principal não é a mensagem, mas a plástica. Há muitos sucessos em que o conceito da mensagem sequer é percebido, pois o que fica de verdade é só o refrão, muitas das vezes com expressões onomatopeicas de sentido algum.
Então, para resumir, a música cristã deve manter-se atenta às tendências, mas longe dos modismos. Este é um detalhe que os artistas, produtores e principalmente compositores devem estar sempre alertas! A música cristã, independente do estilo, deve sempre trazer uma mensagem de fé, esperança, amor, amparada nos conceitos bíblicos. Muito cuidado para, no afã de manter-se na moda, abrir mão deste que é o nosso maior diferencial: a mensagem.


Mauricio Soares, publicitário, jornalista, consultor de marketing, pai, esposo, alguém que por mais de 20 anos vem trabalhando em prol de um mercado cristão mais profissional, racional, lógico, organizado, ético e principalmente cristão.